30 de out. de 2009

Estou p*t* da vida nesse exato momento. Já escrevi três textos e apaguei a todos pois dois jovens mal educados estão aos berros ao meu lado(no momento encontro-me numa biblioteca) e não percebem a presença de outra pessoa no lugar. Falam alto, falam para eu ouvir. Odeio quem fala para eu ouvir sem estar falando diretamente comigo. Odeio quando vejo isso acontecer. Odeio quando também faço isso e agora odeio ainda mais. Invasão do espaço alheio. Carapuça que serve pode ser difícil...
Enfim, não escrevo sobre nada do que eu queria e faço o que o casal mal educado deseja: torno os dois o centro do meu instante. Retiro de mim o momento meu, íntimo meu, e passo para eles, para o ego deles. Quantas e quantas vezes passamos por esses roubos de nós mesmos durante o dia? Uma palavra interrompida, um silêncio forçado, alguém que corta seu assunto para "só uma informação, rapidinho!".
Invadimos e somos invadidos o tempo todo. Às vezes de forma sutil, outras de modo agressivo, vulgar, insuportável. É preciso cuidar do velho conceito de sociedade, de todo, de grupo. Se não se consegue é melhor procurar um lugarzinho pra chamar de seu e lá, escondidinho, arreganhar o umbigo com os dedos até que ele englobe todo o universo.

27 de out. de 2009


Que dor na coluna...

Preciso de massagem, alongamento, carinho, tudo de bom que possa melhorar isso.

Eu no meu momento vida real, dores reais, coisinhas incômodas que compõe a vida nossa de cada dia.

E que mesmo assim continua maravilhosa!
Todos os dias que vou para o presídio dar aulas de teatro escuto essa música. Todos os dias, sempre que ligo o rádio no caminho para me concentrar, relaxar, essa música toca. Hoje quis postar a letra aqui. Não sei... existem coincidências que batem, batem e batem à nossa porta, na nossa cara e que por alguma razão, seja ela clara, boba ou o que for, temos que reconhecer e assumir. Coloco aqui a letra da música dos meus conterrâneos que sempre me fará lembrar dos alunos mais especiais que tenho. Essa postagem não era para os outros, é para mim e para eles. Com respeito, dedicação e amor.
Viva a vida, a reabilitação, a oportunidade, o buda que todos, todos temos já dizia o sábio, o teatro, a arte de viver e de se fazer viver cada vez melhor, cada vez maior.
"E quando eu estiver triste simplesmente me abrace.
E quando eu estiver louco subitamente se afaste.
E quando eu estiver fogo suavemente se encaixe.
E quando eu estiver bobo sutilmente disfarce.
Mas quando eu estiver morto suplico que não me mate não, dentro de ti.
Mesmo que o mundo acabe enfim dentro de tudo que cabe em ti."

26 de out. de 2009


"Espero a chuva cair nas minhas costas largas que afagas enquanto durmo ... enquanto durmo..."
Eu gosto de falar de amor como criança gosta de brincar, merece.
Gosto de falar de amor,
de música,
de mim,
de você,
de nós humanos juntos,
abraçados,
cotovelos, joelhos, dobras,
pulsos e calcanhares para segurar e sustentar minha dor,
meu amor, e eu e você.
Gosto daquele cantor de voz grave, de melodia secreta, simples, nossa.
Gosto daquele cheiro de sabonete novo e diferente,
daquele colchão,
daquela luz mal entrada em nossa intimidade que a lua viu,
que os vizinhos viram...
...e que a gente nem ligou porque estávamos ocupados
com a fábrica secreta de amor e luz.
Gosto da pele hidratada, viva,
do cheiro daquele cantinho, lugarzinho.
Gosto da sopa,
daquela roupa,
daquela vela,
torrada,
salada.
Pancada estava eu de você
de vontade,
de viver,
de energia expandida,
flutuante, lúcida e delirante.
Tudo junto, comunhão.
O dia teimoso me desafiava amanhecendo e eu...
eu querendo noite, e escuro, e meia luz talvez,
e sons baixinhos, sons...
sons...
sons... baixinhos.
Eu gosto de falar de amor.
Imagem de "Geraldas e Avencas" do grupo Primeiro ATO.
Ser lúdico na arte pode ser divino.
Ser lúdico consigo pode ser sábio.

22 de out. de 2009

Não aguento mais o tempo, compromisso, deveres, obrigações, etiqueta, me conter, me calar, absorver, segurar, manter, produzir, retornar, ligar, enviar, receber, ver, ler, escrever, ter, fazer, criar, manter, avisar, segurar, marcar, copiar, esperar, e blá blá blá blá.
Quero descansar porque simplesmente quero e não porque dependo,
quero me divertir porque simplesmente quero e não porque é preciso,
quero amar porque simplesmente amo e não porque esperam,
quero coisas fluindo, quero quebrar a lógica, ficar louca e fazer o que der vontade,
coisas simples, muito simples, mas na loucura de realizá-las quando o impulso vier,
nada do tempo, maldito dessa hora controlando tudo, minha educação, meus planos...
... ah ... os planos ... como podem ser tão maçantes quando estamos cansados.
Não há beleza nem cor nesse ritmo, sem família, sem amor, sem animal de estimação, sem comida limpa, água limpa, sol, brisa, domingo e sábado e segunda e semana inteira.
Quero descobrir algum jeito de relaxar no furacão ... pois música e natureza pseudonatural, esse troço urbano, natural urbano, já não dá conta.
Fééééérias .... eu vou torcer pela falta de 'mundo modernoso', pela falta de tanta coisa sem sentido.
Féééééérias ... eu vou torcer pela loucura de ser feliz na sanidade, e de ser leve, essa leveza das borboletas imeeeensas ... E AZUIS.

20 de out. de 2009

é tudo pipoca quente descendo garganta com gosto de memória batida é só pipoca doce lambendo e sujando minha boca pequena como a manga do meu interior é tudo pipoca de xuxa e desenho careca e pentelho aprontando mamãe é só só eu e eu eu e vc e mamãe e papai e cachorro e pipoca feliz é só vc e vc e eu e é só vc quem eu posso amar me diz

19 de out. de 2009


"Pois nada seja dito bom, por melhor que impressione, salvo o que ajuda de fato,
e nada seja estimável salvo o que transforma para sempre este mundo, que está precisado."
(Joana - "Santa Joana dos Matadouros", de Bertold Brecht)

9 de out. de 2009


Vi essa imagem na internet e quis postá-la pois ela me fez recordar o lugar que imagino quando desejo sentir um tipo de tranquilidade. A diferença é que existe um riacho quase rio nos meus 'sonhos', é uma mata fechada, com uma clareira repleta de flores, pedras arredondadas e lisas na água, e fico deitada ao lado da água corrente, num gramado verde.
Não é o local exato, mas o fato de ver a foto e me recordar desse lugar singular do meu imaginário já bastou para publicá-la aqui.
Acho que além daquele banco de madeira está meu riacho...

(na platéia, murmurando)

- Jaque, você tem lápis de cor?

- Não.

(tempo)

- Ei! Psiu! Porque você achou que eu teria lápis de cor?

(sorrindo)

- Você tem cara de quem carrega lápis de cor...

.

Assim recebi o melhor elogio dos últimos tempos.

8 de out. de 2009


Ahhhh, respiro... eu precisava mudar um pouco a cara do blog... era muita densidade e no momento estou numa fase menos café por mais chá, menos barulho por mais silêncio, menos festa por mais quarto, menos carboidrato por mais verde, menos é mais. Algumas vezes.

Tenho refletido a cada dia sobre os efeitos do Tempo no nosso convívio com os outros e, em primeiro plano, com nós mesmos. Corremos tanto, mal respiramos ou respiramos os melhores ares da confusão já conhecida, consumo, tudo rápido pois não temos tempo, todos os dias alguém diz "o tempo está voando" e na verdade o que voa somos nós. Tentamos sobreviver o melhor possível com o que nos ajuda, seja religião, esportes, filosofias... Mas ainda falta algo e tenho descoberto que muita gente vem descobrindo por si mesmas o quão maravilhoso é ser senhor de si num lugar que está fora de conceitos morais, políticos ou sociais. A consciência dessas pessoas é diferente... é singular, ímpar, tenho vontade de ficar observando como essas pessoas se movem, falam, olham, tudo é de verdade, é tranquilizador.
Conexão no silêncio dos corpos, dos movimentos.
São como os paixonados em lua de mel.
Nós não nos calamos, nós temos orkut, facebook, twiter, msn, email, blogs, sites, todo mundo tem algo a dizer e sinto que o mundo quer falar ao mesmo tempo. É tanto barulho que ninguém se escuta e o que nos resta é gritar, gritar, gritar cada vez mais alto até que o grito não basta e tudo explode sei lá pra onde, sei lá como. Parece que os homens estão prestes a explodir. Poluição sonora, poluição subjetiva. Tempo. Corremos tanto que perdemos a consiência de que somos seres humanos, indivíduos como todos os outros, diferentes sim, singulares, mas num ponto todos iguais. Perdemos nossa identidade e tornamo-nos produtos de mercado, do tempo que conhecemos e que não preciso explicar, produto social, produtos de nós mesmos.

Estou no lugar que o filósofo caracterizou como o ponto em que não somos algo definido, ponto nos rituais. É quando a noiva coloca o véu e se desfigura de sua identidade pois não é mais solteira e ainda não é casada, é o calouro pintado, rasgado, raspado, descaracterizado de si pois sai da escola e entra para a universidade, é quando a índia é pintada de forma diferente pois não é mais criança mas ainda não é 'mocinha'...pontos comuns em todos os rituais e encontro-me nele, no meu próprio lugar descaracterizado do meu ritual de vida para que eu, no meio, perceba que existe algo se transformando e que essa transformação será sentida por toda sociedade, planeta.

Não sei mais se minha energia natural é alta (nesse lugar do qual falo) ou se é um ritmo alucinado encharcado e enraizado por tudo ao meu redor, por 27 anos de existir. Não sei mesmo o quanto sou eu e o quanto sou esse tempo insano e consumista, poluidor. Sei que sou muito disso, mas o quanto ainda não descobri. Inclusive meus pensamentos, minhas produções. Não que eu não me sinta bem sendo assim, até hoje tem dado certo, mas será que isso basta? Simpatia, criação, análise, ...tudo maravilhoso... tudo ainda produção, velocidade, mais e mais e mais. Será que isso basta? Basta se dar bem assim? Mesmo honestamente, 'confortável'. Minha essência, personalidade, 'não vou mudar'... essência ou resistência? É difícil para um produto resistir ao mercado, ele não foi feito para isso. Homem produto.

Tenho experimentado tantas sensações novas completamente opostas ao que vivo que sinto-me em profundo mergulho necessário e inevitável (sim, eu resisti) sobre mim mesma. Respirar inflando a barriga, respirar consciente. Germinar grãos, natureza, escutar, escutar, ler caso deseje um diálogo silencioso e honesto. Ler é o melhor diálogo no momento.

Lidamos com o tempo achando que o organizamos "vou comprar uma agenda e organizar meu tempo", "vou otimizar meu tempo", "vou correr mais para fazer mais coisas no tempo", dividimos o tempo ou nós mesmos em blocos. Sempre pensamos em como ganhar mais, mas raras as vezes que entramos em reflexão ou até mesmo crise por tentarmos reduzir, ir mais devagar. Quero essa crise. Quero testar esse Cronos e desacelerar o que faço de forma veloz e acelerar(ou reduzir mais ainda) o que faço com menor velocidade. Quero mover o conceito do tempo que tantos dizem ser relativo mas que ninguém explica isso ou como se faz. Falo do tempo do todo. Uma coisa é considerar o tempo relativo quando se fala de si, mas, e se quiséssemos desacelerar o tempo do mundo, da economia feroz, rápida e cruel, dos eventos, do consumo que tem destruído e poluído tudo, absolutamente tudo? O que seria de nós? Não sei... mas quero experimentar refletir sobre essa 'insensatez' e mais ainda, quero ser insensata do tempo de mim. No máximo eu brigo comigo no final e perpetuo o conceito infeliz de que se encaixar é ser tudo, o tempo todo. Mesmo que se diga que se deseja o contrário.
Quero propor a mim mesma experimentar o que eu ainda não sei que sou.
Quanto tempo vou levar fazendo isso?
O tempo que isso leva.
E só.

2 de out. de 2009

Brasil que te quero bem, que te amo...
Rio que me acolhe, que me esquenta e me amadurece!