28 de jun. de 2009

Alguma coisa acontece no meu coração...


Sou acordada às 13h de domingo e juro que se não fosse por ele me acordando estaria na cama até agora. A cabeça dói, muito, a nuca está enrijecida e os olhos parecem pedras que sentem dor. Nada de álcool na noite anterior, somente bala de menta e homens e mulheres animados tentando vencer pela alegria e dança o tédio inesperado da expectativa nutrida. Penso sobre a tensão e o extremo cansaço e não consigo alcançar razões para isso, nem sonhos maus, nem noite mal dormida, mas talvez o trabalho do dia anterior. Deixa pra lá; pouco provável. Ele acorda animado, o que me faz pensar sobre a raridade de, logo eu, me levantar naquele horário, dormir tanto para quê? Eu que todos os dias estou de pé às 6h... estranho.
"- Alguma coisa acontece no meu coração", penso. Mas, o quê? As questões e crises de sempre estão lá, nada de anormal. Será que algum "hipopótamo disfarçado de camundongo" invadiu meus domínios e nem me dei conta? Melhor não pensar nisso agora, deixa para o mês que vem.
Assusta qualquer mulher em fim de mês e seios doloridos da odiada menstruação a se aproximar a possibilidade de mais uma crise sentimental.
Pode ser a crise financeira de junho, a morte de Michael old-alone-friend, o segredo guardado, a expectativa audaciosa, a insatisfação, o amor...
O amor... escrevo mais uma vez essa combinação batida-blasé-piegas de artigo e palavra ambígua e suspiro pela falta súbita de ar... tenho certeza: alguma coisa acontece no meu coração. Ser mulher, esse ser sonhador réplica do conceito divino - sim, somos lindas - que suporta como nenhum outro ser vivo a rotina de lidar com a complexidade íntima das coisas simples. Faço um café amargo, bem amargo e forte, solúvel. Só para eu experimentar algo que odeio, saber o quanto ainda, realmente, odeio. De quebra um doce bom de comer para aliviar o amargo.
Ser mulher é tomar café amargo com doce enjoativo. Só para equilibrar.
Ainda tenho sono, a cabeça já não dói após uma caminhada com ele.
Mas alguma coisa ainda me falta sufocantemente. Me falta muito. E sufocantemente.

"Era só uma menina...", mas era uma menina muito corajosa e desbocada que adorava realizar tudo o que vinha à mente e que não agrediria a ninguém. Ela era da paz. Ouvia chamarem-na "sua maluca" e "doidinha" e respondia prontamente com aquele sorrisão na cara de menina nova que não conhece os limites da opressão humana de cada um. Ela já havia se livrado dela aos 20 anos, fazia tempo que se acostumara à liberdade de si mesma, de ser ela mesma mesmo não sabendo quem era ela. O barato era descobrir.

Ela era colorida e caminhava pelas ruas comuns da cidade como quem caminha num sonho arco-íris. Imaginava situações, o meio-fio era uma ponte que ligava o infinito ao sei lá o quê muito importante! Caminhava com aquela cara hipócrita de gente normal, mas dentro de si criava situações incríveis, ora felizes que a fazia deixar um sorriso escapar, ora dramáticas, e ela disfarçava uma lágrima na janela do ônibus. Falava ao celular com ninguém, criava diálogos com as pessoas mais importantes e curiosas do mundo, salvava o planeta, uma criança ou um animalzinho, fazia-se mártir de causas simples e tinha casa, marido e filhos felizes e educados. Pensava em sexo chato e apaixonado, falava palavrões e palavras santas, percebia como os dedos tocavam o chão, os pêlos do braço moviam-se ao vento, a pele seca ou úmida, a língua nos lábios, olhava o próprio corpo como instrumento versátil e infinito. Era preciso. Tão divertido era viver que ainda arrumava tempo de se lembrar do momento que mais riu, que mais amou, que mais perdeu o ar de susto e, quando um quase ataque incontrolável de riso a dominava implorando explodir, ela ligava para qualquer alguém imaginário e contava com detalhes do que se lembrara. Ela era feliz demais! Chorava e fingia resfriado, sorria e assumia a maluquice de ser feliz.

Para a menina, mais difícil e divertido era brincar de, sentada na janela do ônibus, olhar para quem aperecesse de repente no trânsito e lançar um olhar que dissesse "eu te amo". Não o eu te amo ligado ao sexo - era pequeno - mas o eu te amo ser humano maior que movimenta a energia que rege todas as coisas. Ela sentia quando alguém sentia e nessa hora de conexão: BUM! Dava aquele aperto no coração de quem vê o ser amado após tempo longo de espera de amor.

A brincadeira era difícil pois era somente o olhar cheio de paz e alegria, nada de indutores como um sorrisinho, um olhar mais fechado...o desafio era, com um olhar sereno, transmitir eu-te-amo-coisa-gente todo o tempo de um sinal fechado ou de um súbito engarrafamento, ou velozmente como uma ultrapassagem em avenida reta de fluxo livre.

A menina tinha lido Huizinga e, como ele, acreditava que tudo na vida é jogo. Ela adorava jogar e todos os artifícios que ela precisava para treinar-se ser humano mais humano eram acionados. Essas eram as suas regras. Tudo para um treinamento de como ser gente, de como viver plenamente. Sabia que não é sempre que se encontra pessoas que desejam jogar o mesmo jogo - por falta de tempo, coragem ou qualquer coisa de cada um - mas isso não a fazia deixar de jogar. E a coisa da qual ela mais se orgulhava era saber usar a imaginação livre e rejuvenescedora para tal. Uma mente limpa purifica a vida toda, o corpo. Treinar a mente criativa é treinar a fé. Treinar a fé nas coisas é ser vencedor de todo minuto.


A cada dia que passa mais rolinhas visitam a janela da menina pela manhã. Antes mesmo de chegar ao primeiro portal concreto para o mundo a moça já aguarda ansiosa para a contagem de quantas amigas a foram visitar. " - Elas querem o calor do sol no telhado de argila. Delicioooooso", explica ela para os amigos curiosos. Tempo frio e elas demoram um pouco mais para chegar. Tempo quente e elas já estão ali.

Certo dia às 5h da manhã fez um frio pior e a menina abriu a janela certa da ausência das amigas passarinhas. Qual a surpresa ao ver tantas, mas tantas ali no frio e no chuvisco aguardando quase imóveis, expandidas as penas leves para se aquecerem enquanto o sol não vinha lamber o telhado! A menina pensou: "-Nossa, vocês devem estar com muito frio vindo tão cedo e nesse tempo ruim".

Pela primeira vez ela sentiu as rolinhas ansiosas. Até os pássaros sentem a angústia pelo fim do tempo frio. Mas esperam, esperam no lugar onde o sol bate mais cedo pela manhã. Elas fazem suas tarefas acreditam, se unem, usam as penas e asas para manter o calor possível, tudo o que podem.

A menina gosta do tempo quente. Não o calor do meio-dia, mas a temperatura da manhã, do início do dia, das relações, da vida. O tempo aquecido traz os amigos mais cedo ao telhado.

Ela moça fecha a janela e cantarola serena no frio, mas certa como a lição das amigas que o sol está para chegar. Infalível.

"Lá vem o sol, tchurururu, lá vem o sol...eu já sei. Lá vem lá..."

26 de jun. de 2009

Semana confusa... muitos eventos, terapeutas e episódios de "Sex and the City"...coisas absurdas, bizarras e emocionantes. Em especial, três dias de situações curiosas e ela pensa na presença de seu amigo café sobre a diversidade das coisas.
Em três dias ela:
entrou no mar burguês de roupa,
cantou a repressão militar numa área militar,
aplaudiu e zombou dos mortos artisticamente,
ordenou que um assassino controlasse a ansiedade,
fez outro imitar um gatinho,
adotou um ninho vazio violentado pela ventania carioca,
filmou, fotografou, atuou, tocou e cantou,
viu um pianista tocar lindamente,
comeu coco verde com pombos deitada em pedras portuguesas e ameaçou um deles com um pedaço de pau transformado em pistola perigosa,
gravou programas,
chorou por Michael Jackson,
falou(muito) sobre sexo com desconhecidos,
não deu um abraço na melhor amiga em seu aniversário,
foi convidada para ir a uma casa de swingue por quem a odeia,
viu namorados namorando secretamente,
viu amigos homens de calcinha,
ganhou velas de macumba de presente,
fez horas de orações budistas,
encenou um texto bíblico,
comeu mal,
comeu bem,
caminhou no sol quente,
ficou horas deitada,
fez sexo e gozou,
não ganhou na loteria mas finalmente jogou,
escreveu esse texto ignorando a regra ortográfica,
sentiu saudade,
sentiu nojo,
fumou,
não bebeu ...
e achou tudo isso o máximo!
Viva a vida assim, simples, absurda, sen-sa-cio-nal!

10 de jun. de 2009



Apaixonada que sou por minha profissão de artista e professora, inicio hoje recortes oriundos de sábias palavras de grandes educadores que pensam o humanismo e que, de alguma forma, sutil ou imensa, transformam a educação em terreno fértil de paz e sabedoria. O dever do educador é repassar e repensar o que ele aprende, compreende, recebe de outros educadores. Executo aqui também meu papel, minha licenciatura. A educação muda o mundo.


Estatuto Manifesto por uma Pedagogia da Liberdade

Fica decretado:
Art.10
Que a vida valha pelo que conhecemos e amamos. Pelo que descobrimos e inventamos. Que o sol possa ser azul, ou vermelho, amarelo ou laranja, conforme seja a imaginação, o sentimento e a criatividade de quem o admira e o transfigura através dos meios de comunicação e de qualquer outra forma de expressão - como cinema, fotografia, literatura, xerox, teatro, música internet, grafite, desenho, charge, colagem ou pintura. Fica decretado que todos os seres da Terra - animados ou inanimados - todos que andam, nadam, voam ou rastejam e mesmo a pedra inerte - todos sejamos irmãos e que tudo mereça respeito e proteção, de acordo com princípios e valores que norteiam a Ética do Cuidado. Todos habitamos a palavra Mundo, de todos e de qualquer mundo. Que todos sejamos mais serenos e sensatos, mais justos e sinceros.

João Evangelista Rodrigues - jornalista e coordenador do curso de jornalismo da PUC em Arcos - MG.
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foto - Lambert

8 de jun. de 2009

Cuide da energia que te cerca, que você emana, que se aproxima...
...
"Juro por minha fé, não estou conseguindo raciocinar"
Hamlet