"- Alguma coisa acontece no meu coração", penso. Mas, o quê? As questões e crises de sempre estão lá, nada de anormal. Será que algum "hipopótamo disfarçado de camundongo" invadiu meus domínios e nem me dei conta? Melhor não pensar nisso agora, deixa para o mês que vem. Assusta qualquer mulher em fim de mês e seios doloridos da odiada menstruação a se aproximar a possibilidade de mais uma crise sentimental.
Pode ser a crise financeira de junho, a morte de Michael old-alone-friend, o segredo guardado, a expectativa audaciosa, a insatisfação, o amor...
O amor... escrevo mais uma vez essa combinação batida-blasé-piegas de artigo e palavra ambígua e suspiro pela falta súbita de ar... tenho certeza: alguma coisa acontece no meu coração. Ser mulher, esse ser sonhador réplica do conceito divino - sim, somos lindas - que suporta como nenhum outro ser vivo a rotina de lidar com a complexidade íntima das coisas simples. Faço um café amargo, bem amargo e forte, solúvel. Só para eu experimentar algo que odeio, saber o quanto ainda, realmente, odeio. De quebra um doce bom de comer para aliviar o amargo. Ser mulher é tomar café amargo com doce enjoativo. Só para equilibrar.
Ainda tenho sono, a cabeça já não dói após uma caminhada com ele.
Mas alguma coisa ainda me falta sufocantemente. Me falta muito. E sufocantemente.