16 de ago. de 2009

Quis acordar e sair correndo de casa, quis qualquer lugar com sol ou não, um lugar longe do lar, da cama, do café. Quis acordar e ligar para qualquer pessoa(mas não o fez, ainda bem), quis passear com a desconhecida do elevador que parecia querer sair correndo também. Fones de ouvido para os que desejam se isolar de si ou se aproximar de si. Noites acumuladas de pesadelos reais: cair da Pedra da Gávea numa escalada ruim, sentir pelas costas o receio da amizade emburrecida, ter a casa demolida... o que isso significa? Quis sair correndo para entrar em contato com o externo, sair do ovo próprio que não estava fértil.
"Hoje é melhor não apostar". Não ao turfe de domingo, não à convivência forçada, não usar a companhia de ninguém para sua fuga íntima, pois quem ela quer é ela mesma, o lado dela que ela se diverte, que canta no banho, que se pinta, que fala sozinha coisas engraçadas zombando dela mesma, que ama e se diverte com quem ela é e com os pensamentos descartáveis, mas muito divertidos, que tem. Ouvira do amigo maduro na noite anterior passeando com cachorro e memórias: "Bem vinda à vida adulta. Agora transforme tudo em arte". E foi isso que ela fez. Dispensou o domingo de sol na praia, ou cachoreira, ou cavalos, e foi criar a expressão do que sentia. Quis sair correndo logo que acordou e foi o que fez. Ficou muito melhor assim.

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