Brrrrrrrr.....que arrepio ruim!
Olho sua imagem e ao menos a cor dos olhos ou da pele, ou nada posso ver...mas saber que vc está ali dentro....brrrrr....me dá tremedeira, um troço ruim. Não suporto mais você. Em sua homenagem deixo aqui aquele velho escrito em guadanapo que era a nossa cara e que mofava na minha carteira vermelha recordações...de presente para você, expurgado, cuspido, escarrado.
Certo dia escreveu num guardanapo épico com emblema clássico azul:
"É previsível como o movimento do mar, como a brisa que passa a língua na praia num fim de tarde. É previsível como a garça que se move lentamente, calma, paciente. É como o dia e a noite. É de se esperar como o infinito e o sufocante. É o nada, o vazio, o feio, chato, banal, dispensável, de-sin-te-res-san-te. É a sua cara. O bolor desagradável, insistente e imbecil dos dias, é ele assim, previsível como tu. Decepcionante? Nem tanto, pois já espero. É o gole do café que deixa o amargo. Você é o amargo. É a maresia que deixa o sal corroendo...corroendo. Você é o sal. É o falso doce, é o amargo do fim, é o gosto da boca que acaba de vomitar. Você previsível é isso.
E eu, o que sou? Sou o verme que consome esses seus restos chatos, incovenientes e sem classe. Hoje seu telefone não tocará.
Acho que é você, longe, chegando. Será que dá tempo de sair correndo antes que você me veja? Você dobra a esquina e some. Acompanho você em sensação e sentimento. Sei que você percorre do outro lado esse maldito quarteirão. Minha respiração acelera, conto o tempo que você dobrará a esquina, você se aproxima leve com sorrisos plásticos e eu inspiro o ar denso, sólido que você transforma quando vejo você. Você me faz tão mal. E eu te odeio e amo. Eu te odeio. Odeio você. Você passa mal e se derrete e te amo como nunca, como um santo, maldito redentor, um crucificado que oferece piedade e arrogância. Quero vomitar o ar denso e bolorento que você causa ao meu redor. Quero o sol imenso e o céu azul que você apaga quando de mim se aproxima."
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