29 de nov. de 2009


Não vou permitir, insistir, ao contrário, vou deixar esse vento levar os pensamentos embalados naquelas músicas novas daquela voz que surgiu e que se espalhou faceira. Pediu que eu ouvisse, "você vai gostar", disse. Gostei, mas gostei tarde demais, quando o calor já tinha ido embora. Brisa fresca no inverno perde o encanto. Brisa é pra ser fresca e só. Calor é que esquenta, o resto é só lembrança.

Eu escrevo essas palavras cortadas, sem sentido, sentindo o sentido do sentir. É pra ser confuso assim? Ouvi das fadas na madrugada que não. É pra ser simples, mulher. Mas simples é complexo demais pra mim, pra você, para o mundo, e por isso o simples é filosofia de cabeceira vazia de livro e repleta de poeira de janela aberta dos dias quentes demais. Passo o dedo nessa poeira e escrevo o nome que quero, que me lembro. Pode ser qualquer um. Isso não importa para mim. Para o resto pode sim importar, mas quem se importa com a importância da cabeça confusa dela?

"Mamãe!" Tropeçou e caiu. A mãe arregalou os olhos, interrompeu a respiração e esperou. A criança se levantou em silêncio, séria, olhou para a mãe e sorriu. Tinha bom humor. Tinha amarelo na alma. Era expandida para cima e para os lados.

Naquela alma fazia frio, havia um vento frio arrepiando os pêlos, estava gélida a sensação, endurecidas extremidades, respiração curta, músculos sem controle e trêmulos, cansados. Sentada abraçando as pernas para aquecer a si de seu frio vazio sentiu, de repente, o toque quente, muito quente da palma da mão. Era como uma fogueira se alastrando por todo o corpo dela. O calor chegou. A brisa é que veio tarde demais. Nada demais.

É só loucura. Ou distração. Ou nada de relevante.

É só ela.

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